quinta-feira, 31 de março de 2011

Os estoques trimestrais de soja em grão dos Estados Unidos, na posição 1o de março, totalizaram 1,25 bilhão de bushels, conforme relatório divulgado há pouco pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O volume estocado recuou 2% na comparação com igual período de 2010. Do total, 505 milhões de bushels estão armazenados com os produtores, com recuo de 17%. Os estoques fora das fazendas somam 744 milhões de bushels, com alta de 13%. Na comparação com os estoques de 1o de dezembro, houve uma baixa de 1,03 bilhão de bushels.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Setor da cana deixa de faturar R$ 7,5 bi com déficit de etanol
autor
Marcos Fava Neves
ano
2011
publicação
Folha de Sao Paulo

Concluiu-se a safra de cana processando no Centro Sul 555 milhões de toneladas, 2,4% a mais que na safra anterior. A produção de açúcar cresceu 16,82% e a de etanol 6,71%. Com preço maior (US$ 345 em 2009 e US$ 456 em 2010) e quantidade maior vendida (de 24,3 para 28 milhões de toneladas), as exportações de açúcar trouxeram US$ 12,7 bilhões e o complexo sucro-energético, US$ 13,7 bilhões, representando quase 20% do agronegócio.

A demanda mundial de açúcar cresceu quase 62% em 15 anos. Se continuarem estas taxas de crescimento são necessárias mais 50 milhões de toneladas/ano em 2020. O Brasil produz 40 milhões de toneladas por ano.

A cadeia sucro-energética teria mais renda sem o tropeço no etanol hidratado. Em 2009 o consumo interno foi de 16,5 bilhões de litros, e em 2010 caiu para 15 bilhões. O consumo da gasolina foi de 25,4 bilhões de litros em 2009 para quase 30 bilhões em 2010 e o pior, importou-se 505 milhões de litros de gasolina (contra apenas 22 milhões em 2009). Hoje o Nordeste esta importando etanol dos EUA.

Em 2010 foram vendidos mais de 3 milhões de carros e a frota flex chegou a 12,5 milhões, 43% do total brasileiro. Se 80% da frota flex usar etanol, o consumo anual seria de 20 bilhões de litros. Tem-se uma demanda anual reprimida de 5 bilhões de litros de hidratado. Em dois meses de 2011 foram vendidos 500 mil carros (12 mil carros por dia útil, um a cada dois segundos!), 15% a mais que em 2010. Até o final do ano a frota flex terá 15,5 milhões de ávidos integrantes e consumo potencial anual de 25 bilhões de litros de hidratado, com o déficit passando para 10 bilhões.

Um exercício com um preço hipotético do hidratado nas bombas de R$ 1,50/litro e lucro líquido de 10 centavos/litro na Usina, mostra que a cadeia sucro-energética está transferindo para a gasolina um faturamento anual de R$ 7,5 bilhões. No final de 2011, com o novo volume da frota, a cadeia sucro-energética deixaria de faturar anualmente R$ 15 bilhões e Usinas, de lucrar R$ 1,0 bilhão. Deve-se lembrar que 25% da gasolina é etanol anidro, portanto uma parte desta renda volta ao setor.

Esta lacuna é triste resultado da crise de preços e crédito de 2007/2008, que solapou cruelmente o endividado setor sucro-energético. O efeito mais pernóstico foi transferir o grande volume de investimentos (das tradings, petroleiras, fundos e outros) destinado a construção de Usinas novas (greenfields), para a compra de Usinas existentes (brownfields). Hoje o mercado clama por mais umas 15 grandes Usinas, que se aí estivessem, trariam toda esta renda para o bolso da cadeia sucro-energética.

Num cenário onde o consumo de açúcar, etanol, energia elétrica, plástico, diesel, entre outros, só tende a crescer, e com o petróleo atingindo US$ 100, Brasília precisa focar sua estratégia na cana.